terça-feira, 22 de janeiro de 2008

agenda da felicidade

O Sorriso
É o cartão de visita das pessoas saudáveis.
Distribua-o gentilmente.
O Diálogo
É a ponte que liga as duas margens, do eu ao tu.
Transmite-o bastante.
O Amor
É a melhor música na partitura da vida.
Sem ele, você será um(a) eterno(a) desafinado(a).
A Bondade
É a flor mais atraente do jardim de um coração bem cultivado.
Plante estas flores.
A Alegria
É o perfume gratificante, fruto do dever cumprido.
Esbanje-o, o mundo precisa dele.
A Paz na Consciência
É o melhor travesseiro para o sono da tranqüilidade.
Viva em paz consigo mesmo.
A Fé
É a bússola certa para os navios errantes, incertos, buscando as praias da eternidade.
Utilize-a sempre.
A Esperança
É o vento bom enpurrando as velas do nosso barco.
Chame-o para dentro do seu cotidiano.
O Sorriso
É o cartão de visita das pessoas saudáveis.
Distribua-o gentilmente.
O Diálogo
É a ponte que liga as duas margens, do eu ao tu.
Transmite-o bastante.
O Amor
É a melhor música na partitura da vida.
Sem ele, você será um(a) eterno(a) desafinado(a).
A Bondade
É a flor mais atraente do jardim de um coração bem cultivado.
Plante estas flores.
A Alegria
É o perfume gratificante, fruto do dever cumprido.
Esbanje-o, o mundo precisa dele.
A Paz na Consciência
É o melhor travesseiro para o sono da tranqüilidade.
Viva em paz consigo mesmo.
A Fé
É a bússola certa para os navios errantes, incertos, buscando as praias da eternidade.Utilize-a sempre.
A Esperança
É o vento bom enpurrando as velas do nosso barco.Chame-o para dentro do seu cotidiano.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Papôco morre silenciosamente

Papôco morre silenciosamente

Antigo bairro boêmio de Rio Branco está desaparecendo do mapa da cidade

Marcos Vicentti
Das antigas construções sobraram
apenas ruínas, como a delegacia
que hoje serve como residência


Leonildo Rosas

“Ô, rapaz/ouça/ preste bem atenção/ no que vou lhe dizer/essa mulher pouco a pouco/vai acabar com você...” (JB Costa)

Não parece, mas ainda há vida no Papôco. É uma vida que vai morrendo lentamente, como se fosse comida aos poucos pelo desbarrancamento provocado pela erosão iniciada na década de 60 e que vem tragando a terra, derrubando as casas e levando histórias.

O cenário melancólico de hoje nem de longe se parece com aquele que um dia foi o principal reduto da boêmia rio-branquense. Não há mais a prostituição oficializada, os antigos bares fecharam as portas e restaram apenas pequenos quartos onde casais se encontram para fazer sexo. Também há muito consumo e venda de drogas.

O Papôco teve seus tempos áureos entre as décadas de 40 e 60. Nasceu a partir da iniciativa de Anália Dália dos Santos, uma paraibana que chegou ao Acre no fim do século XIX e modificou a forma de a sociedade rio-branquense se comportar e se divertir.

Anália era mulher corajosa, que tocava muito bem sanfona e nunca casou. No Acre, ela montou uma casa que servia de alojamento aos marinheiros, seringalistas, trabalhadores rurais e boêmios. As noites nesse local eram esquentadas com muito forró e mulher. A tristeza e as amarguras da vida não tinham vez no bailes que varavam a madrugada. Logo, o espaço ficou conhecido como Chalé da Anália, que funcionava na rua Floriano Peixoto, onde hoje é o Hotel Camelo.

O negócio foi se expandindo. O Chalé da Anália passou a ser procurado por mulheres que vinham dos prostíbulos de Manaus e Belém. Desempregadas na cidade natal em razão do declínio da borracha, elas foram recrutadas e praticamente vendidas nos seringais para manter os seringueiros na floresta. O problema é que a maioria não se adaptou e voltou à velha vida de vender o corpo.

Na década de 30, Anália resolveu mudar de endereço para não sofrer com a discriminação da sociedade tradicional. Instalou um casarão coberto de palha no alto do barranco mais alto da cidade. Esperta, não fez aquilo aleatoriamente. O local escolhido era um ponto privilegiado. As novas instalações ficavam em frente ao porto de embarque e desembarque de borracha e mercadorias que vinham de outros Estados. Também havia muitos homens em busca do prazer carnal.

Fruto da visão comercial da cafetina e da expansão natural da cidade, começava a nascer o bairro Papôco. Distante cerca de um quilômetro do centro da cidade, o novo ponto oferecia festas todas as noites e a noite inteira. Como havia muitas brigas, logo passou a ser chamado de “Bagunça da Anália”.

O Bagunça da Anália era uma casa grande, com salão central para dança. Em um dos cantos havia um bar para vender bebidas e nas laterais do casarão, quartos que eram alugados pelas moças para moradia permanentes, onde recebiam seus clientes e cobravam conforme as posses e os gastos.

Anália morreu em 1954. Outras pessoas a sucederam, como Isabel Lima Azevedo, a Dona Biluca, mas o bairro nunca mais foi o mesmo. Hoje, onde um dia funcionou o “Bagunça” foram construídos quatro casebres para abrigar várias famílias, que vivem em situação deprimente.

O bairro, que até cinema teve - O Cinema Biriba -, vive cenas tristes. Mudou de nome e passou a se chamar Dom Giocondo. E não foi apenas isso que alterou no cenário. A principal rua, a Marechal Rondon, está sendo comida pela erosão. Nos casebres é possível ver jovens tatuados e meninas com crianças no colo. Todos desempregados. Alguns são funcionários do tráfico. Não há esperança nos olhos das pessoas.

Na rua Marechal Rondon poucas são as casas que ainda existem. São moradas pobres habitadas por pessoas mais pobres ainda. Entre as construções merecem destaque a velha delegacia, uma das obras mais antigas da cidade, e uma igreja evangélica construída por um ex-viciado em droga que diz ter a missão de resgatar as almas perdidas.

É nesse cenário que ainda vivem personagens que se confundem com a história do local. Uma delas é Dalva dos Santos, 49, que ainda consegue ver beleza num local cujo destino é morrer de forma lenta, silenciosa e triste. Enquanto caminha visitando e cumprimentando as pessoas, ela pára à beira de um barranco fétido, abre os braços e diz: “Ô bairro lindo! É mesmo que estar no Cristo Redentor”.

Dalva dos Santos mora no local desde 1977. É remanescente do tempo em que prostituição anda rendia algum dinheiro. Ela é vista pelos moradores como uma estrela sempre disposta a clarear os caminhos dos mais necessitados. Sem parar, atende e socorre todos que precisam dos seus favores. Dalva é presidente da Associação das Prostitutas do Acre, uma entidade que está desativada porque, segundo ela, falta interesse das poucas associadas.

No comando há vários anos de uma entidade praticamente inexistente, Dalva revela que pensa em entregar o cargo para uma sucessora. Mas há um problema: ninguém se interessa. “Eu iria legalizar todo mundo, fazer um cadastramento. Hoje estou cansada, quero entregar o cargo, mas ninguém que se expor”, reclama.

Para Dalva, ser profissional do sexo não rende muito dinheiro porque tudo ficou muito fácil. Não há mais pontos específicos para isso porque os homens podem encontrar meninas nas esquinas, boates e bares sem precisar fazer qualquer esforço.

Mesmo triste com o desinteresse das colegas de profissão em se organizar, principalmente as mais novas, ela não deixa ninguém abandonada. A maior parte do R$ 1 mil que ganha trabalhando na escola Madre Elisa Andreoli é gasta para livrar moradores do bairro de complicações com a Justiça, comprar comida, remédios e fazer doações. Até caixão para enterrar defuntos ela compra.

“Peço a Deus para não morrer ninguém. Faço muitos empréstimos nos bancos para ajudar os mais necessitados. Agora mesmo estou acabando de pagar um”, revela.

A presidente da Associação das Prostitutas tem quatro filhos - todos de pais diferentes - e dez netos e vive numa pequena casa de 30 metros quadrados. Não satisfeita, também assume a responsabilidade pelos filhos das outras pessoas que mudam do bairro, para que as crianças “não percam o ano”.

“Nosso trabalho aqui é ir buscar as crianças na escola para elas estudarem. Muitas faltam porque os pais não se preocupam”, revela.

Esse corre-corre para sempre estar servindo os mais necessitados faz de Dalva uma referência. É responsável por despertar em cada um dos moradores um sentimento que parece adormecido em locais dotados de maior estrutura: a solidariedade.

No Papôco, a maioria das casas é “parede-meia”. É que falta dinheiro para comprar o material necessário. Sobre isso, Dalva, que ainda continua na ativa porque acredita que precisa levar para o céu as coisas boas da terra, explica: “Aqui a solidariedade está à flor da pele”.


Dalva quer deixar a presidência da Associação das Prostitutas

Deixada pelo marido, mulher se encantou com a vida no Papôco

Dias depois de ter dado à luz o décimo segundo filho - uma menina -, Teresa do Carmo, 66, recebeu a notícia que iria mudar sua vida para sempre: o marido, um sargento da antiga Guarda Territorial, fugira para o Pará levando a tiracolo uma prima sua.

Marcos Vicentti
Teresa diz que a tristeza não lhe deve nada

Nascida em Feijó, Teresa foi criada em Manaus. Casou-se com 15 anos. Viveu maritalmente até 1969. Ao ser abandonada pelo marido, não ficou chorando. Deixou os filhos com a mãe e foi procurar vida nova no Papôco. Fez essa opção porque, apesar de seguidas gravidezes, ainda se sentia bonita e precisava aproveitar. Está no bairro até hoje. “Naquela época falavam muito do Papôco. Era famoso. Vim, vi, gostei e fiquei”, sintetiza.

Morando no Papôco e levando uma vida de boêmia, Teresa fazia programa, brigava, apanhava e bebia. Foi nesse ambiente agitado que encontrou novamente o amor e casou. “Passei vários anos casada, mas fiquei viúva”, revela.

A relação de Teresa com o bairro é marcada pelas idas e vindas. Recentemente, ela conseguiu uma casa na proximidade do bairro Tancredo Neves, por meio da amiga Dalva, mas vendeu e voltou para o antigo lar. Justificando o regresso, afirma que não se acostumou com o cheiro dos defuntos que estão enterrados no Cemitério Jardim da Saudade. Outra justificativa é que, ao abrir a janela de casa, ela via o túmulo do amado falecido e, bêbada, gritava: “Marcos, meu amor!”

Com as rugas e as marcas do tempo no rosto e no corpo, Teresa não bebe mais. Nas conversas com as amigas revela que é exigente na escolha dos namorados, pois é paquerada por homens bonitos e importantes da sociedade. Quanto aos filhos que deixou para trás, apenas diz que estão “por aí” e que são todos lindos. “Não tenho nenhum filho feio”, gaba-se.

Vidas reconstruídas no meretrício

Manoel Cabral da Silva, 60, conheceu a atual esposa na área de meretrício. Constantemente fazia programa com ela. De tanto fazerem sexo, acabaram se apaixonando. Estão juntos há 25 anos.


Manoel: “O Acre é o melhor lugar do mundo para morar”

“No dia em que a tirei da vida, ela disse: ‘Fiz isso até hoje. Nunca mais farei’. A pessoa só é ruim quando quer”, ensina.

Cinco anos mais velha do que Manoel, Maria do Carmo é aposentada por invalidez. Quando resolveram se juntar ela já tinha quatro filhos. Todos foram criados pelo casal, que hoje cria os netos. “Eu a ajudei e ela me ajudou.”

Natural de Lábrea (AM), Manoel veio para o Acre porque aqui, segundo ele, é o melhor lugar para viver. “Eu saio de manhã, junto algumas latas, vendo e meio-dia estou em casa com o alimento para o almoço”, diz.

Só que a vida de Manoel é marcada pela tragédia. O pai morreu afogado e a mãe, de parto. Anos depois, a primeira esposa também morreu de parto do seu primeiro filho. “Quando ela morreu, tudo se acabou para mim. Caí na vida apenas com a roupa do corpo.”

Sem mulher, sem filho e sem esperança, foi no Papôco que ele começou a reconstruir a vida. Foi dono de bar, trabalhou em fazenda operando motosserra e hoje vende bananas que carrega na garupa de uma velha bicicleta pelas ruas da cidade. Apesar das dificuldades enfrentadas, reclama apenas do total descaso com o bairro, que, na sua opinião, é “pior que a colônia de hansenianos”.

“Aqui faltam água, luz, esgoto e tudo que é necessário para se viver decentemente.”

Vanda adotou os animais como os filhos que nunca teve

Vanda Pereira tem pouco mais de 1,30 metro de altura. Natural de Manaus (AM), chegou ao Papôco aos 14 anos. Veio fugida de barco porque os pais não a deixavam ter a vida que queria na capital amazonense.

Marcos Vicentti
Animais criados por Vanda são alvo de perseguição
de moradores, que jogam veneno para matá-los

Hoje, depois de tantos anos, não tem documento nem família e mora num pequeno barraco sem luz e sem água por trás de outros barracos próximo ao rio Acre.

Típica cabocla amazonense, Vanda estima que tenha 60 anos. Não sabe ler, não sabe escrever. É tímida, fala pouco e quase sempre mantém o olhar para o chão. É como tentasse se esconder e passar despercebida. A maior parte da vida ela passou fazendo programas no Acre e em Rondônia, onde trabalhou no garimpo. “Foi nessa época que tive meu auge”, relembra.

Os anos na prostituição nunca tiraram de Vanda o sonho de ser mãe. Não conseguiu realizá-lo porque tem um problema no útero, mas nunca teve condições de procurar um médico para diagnosticar a causa exata da infertilidade. “Agora é tarde demais para querer ser mãe”, comenta, resignada.

“Sem parente nem aderente”, a mulher encontrou nos animais a companhia ideal para sobreviver. Chega a dormir com vários em cima da cama. Os bichos que vê maltratados pelas ruas ela leva para seu casebre, onde lhe dedica amor e carinho. Já chegou a ter 40 gatos e oito cachorros. Atualmente, são quatro gatos, sete cães, um periquito e uma curica. “Às vezes deixo de comer para dar comida a eles.”

Tanto amor pelos animais tem lhe rendido dores de cabeça por conta de vizinhos que ficam incomodados e reclamam. Outros, com instinto animalesco, jogam veneno para matar os cachorros e gatos. “Essas pessoas são uns bichos. Não têm carinho pelos bichinhos e fazem tudo para matá-los”, lamenta.

Pressionada pelos protestos e temendo perder os “filhos”, a pequena Vanda derrubou seu casebre e ergueu outro num local mais distante aproveitando a madeira. Mas as reclamações continuam. Para afugentá-la, os vizinhos alegam que são proprietários do pedaço de terra que ela está ocupando, embora não haja nenhum proprietário legalizado em toda extensão do bairro. “Daqui só saio morta”, avisa.

Para sustentar tantos bichos, Vanda conta com a colaboração de amigos e com o dinheiro que recebe fazendo programas baratos. Seus clientes preferenciais são os senhores idosos - a maioria aposentados -, que ainda procuram o Papôco em busca de prazer. Ela cobra conforme a necessidade. O máximo é R$ 20. “Mas, dependendo da fome, posso fazer até por cinco reais”, adianta.

Ex-viciado vira pastor e quer ganhar almas

Foram 15 anos bebendo, brigando em gangue, usando e vendendo drogas nas ruas e becos do Papôco. Nessa vida bandida, ele apanhou de policiais, que chegaram a lhe obrigar a subir as escadarias do bairro de joelho. Assim viveu Danilo dos Santos, 37, até se converter e virar pastor evangélico.

Marcos Vicentti
Pastor Danilo acredita que pode recuperar jovens
que entraram no mundo da droga e da prostituição

Danilo conta que seu encontro com Deus se deu por acaso. Brigado com a mulher Francisca, que também era viciada e traficante, ele fugiu da polícia. Foi parar o bairro Palheiral, onde encontrou uma igreja aberta e entrou. “Eu estava cercado. A única saída foi aceitar Jesus, que me acolheu e me apontou o caminho”, diz.

Esse encontro com a fé já dura oito anos. Mesmo tendo estudando até a segunda série do ensino fundamental, ele tem um conhecimento aprofundado da Bíblia e tenta por meio dela cumprir a missão que diz lhe ter sido confiada por Deus: ganhar almas.

Foi para ganhar almas que ele resolveu voltar ao local onde durante boa parte da sua vida cometeu todos os tipos de atos ilegais e pagãos. Foi, na sua avaliação, uma forma de retribuir a Deus sua recuperação, mostrando aos antigos amigos o caminho da salvação.

Para dar cabo à tarefa, limpou um terreno na beira do barranco onde um dia foi um bar e passou a construir sua igreja. “As primeiras pregações foram feitas ao relento. Não tinha teto nem parede”, comenta.

Construída com materiais doados, a igreja está longe de ter algum tipo de conforto. No seu interior, apenas cinco bancos, quatro cadeiras e dois ventiladores - um do teto e outro de pé. “Queria um pouco mais de apoio para ajudar as pessoas que nos procuram”, pede.

As dificuldades não fazem Danilo esmorecer. Ele diz que a comunidade freqüenta pouco os cultos, mas tem fé de que um dia conseguirá salvar os perdidos, principalmente os jovens viciados que precisam de apoio.

“Algumas pessoas fumavam maconha aqui perto, no matagal, e ao ouvirem a palavra de Deus se reconciliaram”, lembra.

Não são apenas os usuários que respeitam a presença da igreja. Os traficantes também nutrem consideração pelo trabalho. Danilo conta que ladrões invadiram o local para roubar as poucas coisas que existem para trocar por droga. Tudo foi devolvido no dia seguinte. “Uma vez roubaram uma lâmpada. O ladrão teve o braço quebrado pelo traficante.”

Porteiro - Como o pastor Danilo mora em outro bairro, a igreja é vigiada pelo aposentado Raimundo Gonzaga da Silva, 68, que mora no Papôco desde os 28 anos de idade.

Raimundo chegou ao bairro depois de ter cumprido pena de cinco anos na penitenciária estadual por homicídio. Ele tem uma explicação simples para o crime: “No meio da confusão, eu meti a faca nele!”.

A opção de se estabelecer no bairro se deu porque o pai era comerciante. Também ficava mais perto do centro, onde era possível arranjar trabalho. “Trabalhei muito em fazenda. Também ajudei a construir várias obras, inclusive a ponte Coronel Sebastião Dantas, como ajudante de pedreiro”, destaca.

Evangélico há dez anos, Raimundo nunca teve casa própria. Sempre morou alugado. Atualmente, paga R$ 60 por mês num pequeno quartinho. Freqüentador da igreja do pastor Danilo, ele não leva muita fé na possibilidade de salvar as almas. “Nos dias de culto não dá quase ninguém. A maioria desses jovens é de malandros. Só vão ao culto se tiver arroz”, argumenta, referindo-se à cocaína.

Diretora de escola cuida da comunidade

A mãe de Anita dos Santos Jangles, 50, Francisca dos Santos, largou o marido e dois filhos em Manaus (AM), embarcou no navio e chegou ao Acre em plena década de 60.

Marcos Vicentti
Anita concilia a direção da escola com trabalhos sociais no bairro

Insatisfeita no casamento, veio para se prostituir. Trouxe apenas o filho mais velho. A vida na boêmia durou pouco tempo. Logo ela se juntou novamente e teve mais nove filhos. Abandonou a vida de prostituição e passou a ser uma dona de casa exemplar. “Quem sai dessa vida nunca mais quer voltar”, explica.

Anita teve pouco tempo de convivência com a família. Veio para o Acre porque o pai morrera de tuberculose e a Justiça obrigou sua mãe a assumir a guarda dela. O problema é que o padrasto não aceitou os filhos do primeiro casamento dentro de casa. “Fomos separados e criados por outras famílias. Fui conhecer meus irmãos quando tinha 30 anos”, revela.

Trabalhando de doméstica em diversas casas, Anita conseguiu se formar em Pedagogia pela Universidade Federal do Acre e se tornar professora. É diretora há quase 20 anos da escola Madre Elisa Andreoli e responsável por um grande trabalho social no bairro.

Ao contrário da mãe, ela iniciou a vida sexual de forma tardia - teve a primeira relação aos 22 anos e o primeiro filho aos 30 anos. É mãe de dois adolescentes - uma menina e um menino.

Na escola estão matriculados 228 alunos. A maioria, segundo ela, crianças que nunca vão conhecer os pais porque são filhos gerados por meninas e mulheres em aventuras fortuitas. “Todos são moradores dos barrancos do Papôco, do Preventório e da Base”.

Ao contrário do passado, quando “os filhos sem pai” eram gerados na prostituição, Anita explica que o problema hoje é que as meninas iniciam a vida sexual cedo, apaixonam-se, engravidam, mas levam a vida normal. “Não há mais tanta discriminação como antigamente.”

O trabalho na escola começou por meio das religiosas católica Regina Mollinetti e Alfreda Patrini, que construíram uma pequena escola de madeira a pedido dos pais e mães do bairro. A maior parte dos recursos para construir o atual prédio veio da Itália, por meio de doações.

Atualmente, a escola tem uma importância fundamental na vida das crianças e jovens da comunidade, que praticam várias modalidades esportivas e culturais nas suas dependências como futebol, capoeira, dança e teatro.

Para os alunos menores, é na escola que muitos têm a única refeição diária. “Por isso a nossa merenda é reforçada”, explica.

Vendo a situação difícil enfrentada pelas mães e filhos, a diretora procura emprego para as mulheres como domésticas, mas há muita dificuldade pelo preconceito em razão de elas morarem num bairro tão estigmatizado. “Algumas vezes cheguei a mentir”, revela.

Há três anos, Anita foi surpreendida por um câncer no fígado. Fez cirurgia e ficou com 71 pontos na barriga. A doença veio acompanhada da separação. Mesmo assim, não pára. Ela criou um grupo em sua casa para ajudar mulheres e crianças cancerosas. Habituada a enfrentar desafios, desabafa: “Eu vou vencer mais essa batalha!”.

Marcos Vicentti
Crianças saem da escola e descem o barranco
para suas casas; muitas só comem a merenda


fonte jornal página 20 Leonildo Rosas

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Os deveres do Vereador


O vereador, como integrante do Poder Legislativo, é detentor de um “status” que termina em direitos e deveres imprescindíveis ao bom desempenho de seu mandato político. O direito ao exercício do mandato, em sua plenitude, desponta como primordial para todo e qualquer legislador e, assim sendo, o vereador age e fala pelo povo que representa, não podendo ser cerceado na sua atividade parlamentar.

O vereador orienta-se segundo as diretrizes partidárias, ou seja, segundo o ideário do seu partido no tocante a determinadas questões. As diretrizes partidárias aparecem no programa da agremiação e dizem respeito a temas importantes, constituindo a sua doutrina. As diretrizes da liderança parlamentar traduzem a propensão do partido do governo ou do partido da oposição e podem ou não envolver uma questão de ideologia político-partidária.

Em síntese, a essência dos deveres do homem público é traduzida nas seguintes palavras: ao vereador, cumpre-lhe, antes de tudo, atuar em prol do bem comum, da felicidade do povo, porém fazendo-o com equilíbrio e temperança, sob um princípio de justiça, de tal sorte que o proveito de muitos ou de poucos não resulte em prejuízo de outros tantos. Agente político, o vereador, engajado no Governo Municipal que a Câmara exerce conjuntamente com o Prefeito, tem como dever conduzir-se no desempenho do respectivo mandato tendo como meta o bem da comunidade local.


Oi gente já estamos em ano de política muitos partidos já estão se unindo em um só propósito melhorias para o nosso município alguns com bons projetos e outros com projetos melhores. Então vamos prestar bastante atenção para as propostas e pessoas interessadas por nosso município encontro vocês nas urnas.